Hoje eu resolvi explicar o que é ética, um conceito muito difundido, mas não tão bem vivenciado na prática. E por que eu quis focar nesse tema? Porque discuti-lo é muito importante para a construção de uma ampla noção do universo da ética, para que haja o melhor entendimento possível sobre suas bases, definições e aplicação desse valor.

Então eu o convido à leitura deste post na expectativa de que, ao final, cada um tenha condições de tirar suas conclusões, mas que uma premissa seja um norte comum a todos: sem ética, caminhamos para um mundo menos harmônico e para relações sem confiança. E estou certo de que nenhum indivíduo ou profissional deseja isso para nossos espaços de convivência, não é mesmo?

Então, se assim como muitas pessoas e profissionais você também tem dúvidas a respeito desse pilar para relacionamentos íntegros, me esforçarei ao máximo para ajudá-lo! Confira!

Afinal, o que é ética?

Vale começar dizendo que a ética se caracteriza pela prática de ações condizentes com regras e convicções estabelecidas na e pela sociedade. Se nos aprofundarmos um pouco mais, perceberemos que o valor do qual estamos falando relaciona-se a princípios universais, que são aqueles que apresentam o mesmo sentido independentemente de onde estivermos.

Vamos falar de uma forma simples para evitar devaneios filosóficos? Então, partamos do princípio de que ética pode ser considerado um conceito que contempla o entendimento da interação entre os seres humanos, ou seja, ela é um conjunto de princípios que aplicamos em nossa conduta — mesmo que, muitas vezes, nem nos demos conta.

Se alguém sentir falta de um embasamento teórico, nós temos também! E talvez o representante mais genuíno para “legislar” sobre o tema seja Kant. Segundo esse grande filósofo alemão, para entender as diretrizes do comportamento ético, basta se questionar: se eu agir de determinada maneira, terei vergonha de que as pessoas saibam ou de contar o ocorrido para alguém? Nas palavras dele, a questão é: “Tudo o que não puder contar como fez, não faça”.

Tendo definido a ética, abro um pouco mais o assunto: o que é agir eticamente? A meu ver, é tomar uma atitude correta após analisar criticamente toda e qualquer ação.

Em geral, aquilo que tende a ser mais simples ou gerar um resultado positivo nos chama a atenção, e aí vem meu ponto: ao pensarmos no que estamos fazendo, independentemente da natureza, e, ao avaliarmos os riscos gerados a terceiros a partir de nossas decisões, abrimos o caminho para a ética.

A partir da análise de nossas ações, temos a opção de torná-las ou não éticas. Por exemplo: uma vaga para deficientes está disponível em um shopping center em um dia que temos pressa. Em uma questão de milissegundos, nos imaginamos estacionando no local até que nos perguntamos se aquilo é certo ou não. Supomos que pessoas talvez precisem daquela vaga e que cinco minutos a mais de espera não vão alterar nossas vidas.

É esse tipo de análise crítica que defendo ser capaz de tornar ou não nossas ações éticas.

Existe diferença entre moral e ética?

Quando aceito uma diferença, eu separo; eu divido. No caso de moral e ética, tenho duas disciplinas indissociáveis e complementares, embora cada uma delas tenha suas especificidades.

O que acontece é que, muitas vezes, confundimos a ética com a moral; no entanto, enquanto a primeira está fundamentada na razão, a segunda se baseia em costumes e tradições

Então, a moral se refere às normas e aos valores que se baseiam nos costumes e na cultura de determinado grupo social e em determinado período. Já a ética é um estudo e uma reflexão sobre os preceitos morais que nos diz como viver (bem) em sociedade.

Para simplificar o entendimento, eu sempre considero assim: a moral se aplica a grupos e a ética pode ser questionada por um indivíduo. Uma é essencialmente coletiva; a outra, é mais voltada para a individualidade.

Assim, quando nosso foco é a moral, estamos analisando se a sociedade nos condenará por dada atitude. Quando focamos na ética, nos perguntamos se aquela conduta está certa ou errada.

E se a pergunta for em relação ao tempo de validade da ética e da moral? Bem, sendo a moral mais ligada a crenças sociais, ela acaba sendo temporal e direcionada a contextos que são mutáveis, acompanhando esse movimento. Já a ética é mais consistente e perene, permanecendo a mesma década após década.

Outro dia, um amigo me perguntou: “Clico, se eu furei a fila no banco, eu fui antiético ou imoral?”. Eu expliquei os dois conceitos e respondi: “Você está sendo antiético, porque passar na frente de uma pessoa que está há mais tempo do que você aguardando para ser atendida é falta de educação e de respeito em qualquer lugar, em qualquer tempo”.

E se você precisar de um exemplo real de imoralidade para encerrar o assunto, tenho um bom! Basta lembrar dos países onde a poligamia é aceita. Quem é criado em uma cultura onde a monogamia vigora, tem notícias de homens casados com três mulheres e critica, considerando esse ato absurdo e... imoral!

E quando o assunto é ética profissional?

Como diria um conhecido meu: é aí que a “porca torce o rabo”! E sabe por quê? Porque quando estamos em ambiente profissional, temos de conjugar nossas crenças e visão de mundo com aquilo que é tido como desejável — ou, pelo menos, aceitável — naquele contexto.

Isso me remete a um conceito cada vez mais utilizado atualmente: fit cultural. Você conhece? Significa que as empresas já entenderam que, para que os colaboradores possam fazer diferença real, eles precisam ter uma mentalidade alinhada à delas. Assim, supõe-se que o novo colaborador vai aderir com facilidade aos valores da organização, pois sua bagagem como indivíduo já caminha na mesma direção.

E eu considero que o fit cultural tem tudo a ver com ética profissional, pois ambas as premissas conjugam o indivíduo e o ambiente como as engrenagens que definem o que é certo e o que é errado. Não há hierarquia de importância: os dois, juntos, estabelecem o parâmetro a ser considerado como o ideal para aquele espaço profissional.

A partir daí, boas condições para que decisões profissionais sejam coerentes começam a se formar. Do mesmo modo, o terreno fica preparado para que as relações de trabalho sejam equilibradas. Unindo coerência e equilíbrio, as empresas ganham em produtividade e os colaboradores, em qualidade de vida e em motivação.

Mas se você estiver sentindo falta de uma definição para ética profissional, podemos considerar que ela é um conjunto de normas e valores de comportamento e de relacionamentos adotados em ambientes de trabalho, quando se está exercendo alguma atividade profissional.

Empresas que buscam comprometimento e engajamento dos funcionários investem em políticas internas e em uma cultura organizacional que prezem pela ética. E aí você me pergunta: como eu materializo uma postura ética no trabalho?

Um bom começo é construir relações de qualidade com os colegas, baseada na confiança e na transparência. Outros pontos incluem compreender e respeitar os limites de sua função, preservar os instrumentos de trabalho e cuidar bem do patrimônio empresarial.

Por fim, o que eu posso afirmar é que muito mais do que um Código de Ética que registre regras a serem seguidas, o que as empresas querem, na verdade, é postura e atitude. Isso envolve honestidade, capacidade de respeitar sigilo de informações, prudência e imparcialidade.

Com essa cesta de ingredientes, você certamente estará no caminho certo e contribuindo para que pessoas, ideias e situações sejam respeitadas. Não se preocupe: não existe fórmula pronta. Quando você assimilar a importância de saber o limite entre o que você pode e o que você deve fazer, você estará na direção para entender profundamente o que é ética.

Quem se interessa por temas ligados ao comportamento profissional costuma gostar de se inteirar de diversos aspectos que envolvem a gestão empresarial, não é mesmo? Assim, o convido a assinar nossa newsletter para acompanhar nossas publicações sobre governança corporativa, gestão de pessoas, liderança, empreendedorismo, tendências tecnológicas e visão do cliente!

Matérias relacionadas:

Empreendedorismo

VER todos