Quanto antes a decisão for tomada, menos as dívidas se acumulam

Outro dia uma pergunta enviada ao #ClicoResponde me fez refletir bastante. Um leitor falava que sua empresa ia mal e que ele já havia cortado todas as despesas desnecessárias, inclusive pessoais, mas não conseguia ter uma perspectiva positiva sobre o futuro. Ele perguntava o que poderia ser feito para resolver a situação.

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Isso me fez lembrar de quando ainda era adolescente e minha mãe era empreendedora. Ela passou por uma situação parecida com a do amigo leitor: os negócios não iam bem, ela economizou tudo o que podia, tanto em casa quanto na empresa, mas não vislumbrava algo positivo para o futuro. Porém, como estava muito envolvida com o negócio – para você ter uma ideia, ela tinha vendido nossa única casa para investir na ideia – ela simplesmente não conseguia desistir do projeto e fechar as portas.

Naquela época – isso faz uns 15 anos – ouvia comentários: “já estamos endividados mesmo, o que são mais uns meses de dívida? Vamos esperar mais um pouco, ver se a coisa se resolve”. Não concordava com isso, achava muito arriscado, mas era um Cliquinho de 15 anos com pouca voz ativa nas decisões.

O fato é que minha mãe esperou – e muito mais do que deveria – para tomar uma atitude. No fim das contas, teve de fechar as portas da empresa. Mas como demorou demais, as dívidas ficaram impagáveis: além de vários alugueis do estabelecimento que estavam atrasados, entravam na lista impostos não pagos e restaram ainda os processos trabalhistas. Ela não tinha o objetivo de prejudicar ninguém – muito pelo contrário, queria que o negócio voltasse a dar lucro para conseguir organizar todas as contas. Então além do trauma pelo estresse que passou, sentiu-se muito culpada e, até hoje, paga parcelas de renegociação das dívidas.

Cada situação é uma situação, obviamente. Mas quis escrever este texto para servir de alerta a todos os empreendedores: em algumas situações, é preciso deixar a emoção de lado e colocar a razão para funcionar. Fechar o negócio antes de coisa piorar pode ser a única solução.

Pense comigo: abrimos nossas empresas porque queremos ser felizes. Essa felicidade é composta por trabalhar com o que se gosta, ter autonomia, ganhar dinheiro, não ter grandes preocupações financeiras e garantir um ambiente legal para as pessoas trabalharem. Se todas essas variáveis começam a ficar comprometidas é sinal de que a coisa vai mal. E diferentemente do que norteou a decisão da minha mãe – “já estamos endividados mesmo, o que são mais uns meses de dívida? Vamos esperar mais um pouco, ver se a coisa se resolve” – a melhor forma de encarar o problema pode não ser esperar um pouco mais, mas agir rápido.

Lembre-se: fechar as portas de uma empresa não é sinal de fracasso, é algo comum à realidade do empreendedor. O que você não pode, jamais, é fechar as portas para os sonhos e tentar novamente no futuro.

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