Vou dizer, ou escrever, que é um grande desafio pensar em preparar um post sobre o Dia Internacional da Mulher – que é comemorado anualmente no dia 8 de março – sem cair nos clichês com os quais já estamos pra lá de acostumados.

Dizem que por trás de todo personagem fictício de blog, existe uma mulher escrevendo. Bem, não sei se isso é verdade ou se é uma lenda que contam entre nós, os personagens-fictícios-de-blog-com-cara-de-mangá, mas o fato é que me sinto bem à vontade para falar sobre este tema com vocês, apesar de ter nascido menino.

Fiz umas pesquisas sobre o mercado brasileiro de empreendedorismo feminino, e obviamente encontrei uma montanha de dados interessantes e informações para compartilhar com vocês.  Vejam algumas delas:

  • Segundo o Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, divulgado em 2013 pelo Dieese, entre 2001 e 2011, o número de empreendedoras cresceu 21,4%. O de homens cresceu 9,8% no mesmo período.
  • O mesmo anuário mostra que a região Norte foi a que teve o maior avanço de empreendedoras no Brasil: 80%. A região Centro-Oeste apareceu em segundo lugar, com 43%.
  • Mulheres que estão montando o seu próprio negócio são bastante jovens: 41,3% têm entre 18 e 39 anos e 52% têm entre 40 e 64 anos.
  • Cerca de 40% delas são chefes de família, sendo que a maioria (70%) tem ao menos um filho.
  • Em média, o salário das mulheres equivale a 73,6% do rendimento médio recebido por homens: R$ 1.614,95 contra R$ 2.195,30, segundo pesquisa do IBGE de 2013.
  • Ainda, segundo o IBGE, Belo Horizonte é a cidade em que a desigualdade é mais expressiva. Lá, as mulheres recebem, em média, apenas 68,1% do salário dos homens. O Rio de Janeiro tem os melhores índices: as mulheres recebem 75,7% do salário médio dos homens.

Mas, poxa, até quando vamos falar da dificuldade que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho, de como existem as injustiças no pagamento de salários e falar sobre o preconceito?

As mulheres estão chegando aos cargos de gestão nas empresas e estão virando o jogo da coisa toda enquanto a gente continua recitando os clichês. Achei uma matéria bem legal no estadão.com.br que fala sobre a evolução do papel feminino no mercado corporativo: Sheryl Sandberg, executiva do Facebook, tornou-se uma defensora das mulheres que chegam a postos de liderança. E uma coisa chamou sua atenção: sabe essas fotos de bancos de imagens? Sempre que ela buscava uma de mulher executiva, encontra a mesma cena:  alguém “vestindo tailleur e óculos, carregando uma maleta. Em outro momento, a mãe, sorrindo enquanto coloca leite no prato de cereais das crianças na mesa do café da manhã. E depois temos aquela mulher faz-tudo, segurando um laptop com uma mão e o bebê com a outra”. Mas isso não é mais assim.

Veja o trecho da matéria, que bacana:

“A organização não lucrativa de Sheryl, LeanIn.org, anunciou uma parceria com a Getty Images, uma das maiores provedoras de fotos pertencentes ao seu banco de imagens, para oferecer uma coleção especial de fotos representando mulheres e famílias de maneira mais afirmativa.

“Quando vemos imagens de mulheres, garotas e homens, com frequência elas se inserem em estereótipos que estamos tentando superar e você não pode ser o que não pode ver”, disse Sheryl em uma entrevista.

A nova coleção de fotos traz mulheres profissionais, como médicas, pintoras, padeiras, soldados. E ainda garotas em skates, mulheres levantando peso e pais trocando as fraldas do bebê. Mulheres nos escritórios com trajes e cortes de cabelo contemporâneos, usando tablets ou smartphones – muito distinto das típicas fotos em bancos de imagens de mulheres dos anos 80 usando tailleurs e com uma maleta.”

Impressionante ver onde mora o pré-conceito, não é mesmo?

Outa personagem global que quebrou barreiras foi a CEO do Yahoo!, Marissa Mayer. Com menos de 40 anos, ela assumiu o controle da empresa em julho de 2012 com a missão de reverter a tendência de queda da empresa. E está dando conta do recado muito, muito bem. Certa vez, em uma reunião com acionistas, ela passou por uma situação extremamente constrangedora. Antes de uma pergunta sobre dividendos, um acionista estrangeiro disse: “Sou George Polis. Tenho duas mil ações do Yahoo!. Sou grego. Sou um velho safado e você é muito atraente, Marissa.”

A cantada arrancou risadas dos outros investidores que estavam na reunião. Ela ignorou o comentário. O grego, então, emendou uma pergunta sobre o pagamento de dividendos. Ela pediu que um diretor que acompanhava a apresentação respondesse à pergunta.

Ponto para Marissa. Ignorar é uma boa forma de mostrar que não, o comentário não é pertinente.

Se homens e mulheres possuem as mesmas capacidades, nos resta, agora, mudar apenas as nossas ideias sobre como as coisas estão formatadas. Assim, conseguiremos, de fato, tornar o cenário mais justo.

Em todo mês de março,  vamos publicar outros conteúdos sobre mulheres empreendedoras. Se você tem uma história bacana que queira dividir conosco sobre isso, mande para a gente! Pode ser em comentário de post ou em nossas redes sociais.

E um bom fim de semana!

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