Se tem uma coisa que não podemos ignorar é o avanço do espírito empreendedor no Brasil, mesmo em tempos de crise.

Aliado a isso, a taxa de mortalidade das empresas, ou seja, aquelas que sobrevivem ao primeiro ano, foi de 18,7% na pesquisa mais recente, a menor dos últimos cinco anos, segundo o IBGE. Isso demonstra o quanto o micro e pequeno empresário tem se planejado para entrar no mercado – ele está a cada dia com mais infraestrutura e conhecimento necessários para fazer o seu negócio prosperar, além de ter o apoio do governo com a diminuição da burocracia para estimular a atividade empreendedora, com a maior abrangência do Supersimples, por exemplo.

É claro que a tecnologia tem um papel fundamental neste processo também. No Brasil, segundo o Ibope Media, somos 105 milhões de usuários de internet, o que representa 51,6% da população. São números impressionantes, não é mesmo? Mas não podemos esquecer de uma outra face que está por trás deles: será que o empreendedor brasileiro está inserido nesta estatística com a mesma força de expressão?

Eu pude observar diversos momentos da economia do país e a evolução do mercado em relação ao uso de tecnologias a favor das empresas. Em 2008, quando a primeira nota fiscal eletrônica foi emitida, houve uma grande revolução: os empreendedores precisaram se adequar à nova realidade, utilizando esta tecnologia que veio junto com uma série de obrigações fiscais implementadas para evitar a sonegação. E eu contei toda essa história até agora para chegar em um ponto muito importante: uma nova revolução já começou a acontecer, e os impactos dela para os micro e pequenos empreendedores pode parecer doloroso no início, mas representará um enorme desenvolvimento num futuro muito próximo.

Você já deve ter ouvido falar de NFC-e, o arquivo eletrônico que deverá ser transferido para a Secretaria da Fazenda e substituirá o cupom fiscal em papel, que deixará de ter valor legal. As novas notas eletrônicas virão com um QR Code, que pode ser lido do celular com todas as informações da nota. Aos poucos, ela está sendo implementada pelo governo: desde janeiro deste ano, já vem sendo praticada no Rio de Janeiro, com prazo de até dezembro de 2017 ser obrigatória para todos os segmentos que comercializam qualquer tipo de produto; em São Paulo, está em discussão a utilização de um padrão baseado em software, muito mais vantajoso para o empresário na ponta, que diminuirá custos com a impressora fiscal e manutenção. Nos demais estados, a agenda de implantação também está em andamento, e acredito que até 2020 todo o país fará uso obrigatório da NFC-e. E é aqui que entra a nova revolução da qual eu falei.

Para estar em dia com o fisco dentro da nova obrigatoriedade eminente, o empreendedor precisará de aparatos tecnológicos como computador, internet, etc. Quando pensamos nas grandes e médias empresas, isso pode soar até banal… mas vamos imaginar a padaria da esquina da sua casa, ou a lojinha do Seu Zé que ainda utiliza caixa registradora e não emite cupom fiscal. Estes empreendedores precisarão se inserir, muito em breve, no contexto da tecnologia para continuarem operando. A obrigatoriedade impulsiona o crescimento, e já existem projetos pensados para o modelo da nuvem para os próximos anos, que vai facilitar ainda mais o uso da tecnologia pelos novos usuários. Mas mesmo a nuvem precisa de um link de internet, e aí voltamos à história da revolução.

Atravessamos um período incrível de maturação do mercado e evolução na descoberta dos benefícios das tecnologias a favor dos negócios. Sobrevivemos, seguimos adiante e estamos cada vez mais preparados para os próximos anos de empresa, aderindo a sistemas de gestão, à maquininha de cartão de crédito que envia recibo eletrônico para o e-mail do cliente, emitindo nota fiscal eletrônica e, muito em breve, nota fiscal do consumidor eletrônica. Tudo isso tem um pano de fundo que diz muito a respeito do comportamento do consumidor, que exige cada vez mais praticidade e segurança no momento da compra – o que faz com que os donos de negócios se adaptem a essas novas expectativas, fechando o ciclo com muito mais transparência na arrecadação e impedimento da sonegação fiscal. Todos estão alinhados e caminhando juntos em direção a um caminho que não tem mais volta: o de alcançar a maturidade tecnológica necessária para uma realidade que impulsiona o espírito empreendedor no Brasil, que anda mais forte do que nunca.

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